quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Heróismo

galeria de pnkra

Jesus, pelo que dizem, de família pobre, desde muito jovem não se conformou com o que era ensinado. Líder, provavelmente carismático, já conhecia as escrituras desde muito cedo. Divino ou não, pouco importa. Incomodou os poderosos de sua época e mobilizou o povo em torno do seu ideal. Foi perseguido, traído por um de seus apóstolos. Espancado e crucificado. Morreu o homem, sobreviveu o mito. Tornou-se o um marco em todo o mundo, acreditando ou não em sua divindade, não tem há como negar que sua mensagem, mesmo que muitas vezes deturpada, foi além do que seus inimigos imaginavam.


Ernesto Guevara, nascido numa família de classe média, descobriu na juventude um ideal, sonhou com uma revolução por toda América. Líder, carismático, grande leitor de livros. Nem um pouco divino, perto de ser brutal. Incomodou poderosos de sua época e mobilizou o povo em torno do seu ideal. Foi perseguido, e morto na selva boliviana. Há quem diga que foi traído por seu amigo Fidel Castro. Tornou-se um símbolo do sentimento mais puro do socialismo. Morreu o homem, mas seu “espírito”, mesmo que muitas vezes deturpado, foi além do que seus inimigos imaginavam.

Guiliano Salvatore, fruto da miséria siciliana. Percebeu logo jovem que deveria fazer alguma coisa pra mudar a situação do seu povo. Líder, carismático e estudioso. Com ares de divindade matou muitos. Incomodou os poderosos de sua época. Foi perseguido. Traído e assassinado por seu primo, amigo de infância e parceiro na de clandestinidade Gaspare Pisciotta. Manteve-se como mito, sua mensagem? Parece ter se mantido, pois hoje fui atingido em cheio após ler “O Siciliano” de Mario Puzo. Uma biografia romantizada, mas após uma pesquisa, mostrou-se próxima a realidade.

Incrível, como a imagem do herói se mantém ao longo dos tempos. Semelhanças em suas vidas são indiscutíveis, apesar de épocas e lugares diferentes. A inquietação, a sensação de poder fazer mais, a iniciativa, sem julgar os meios, os aproxima. A vida curta também, mortos aos 32,39 e 27 respectivamente, “os bons morrem jovens”. Porém eles nos parecem lembrar que “as forças superiores” sempre vencerão e seremos esmagados se incomodarmos.
Curiosamente, estou ouvindo “faroeste caboclo”, a historia de João de Santo Cristo um anti-herói, que não se contenta com o que lhe foi oferecido, decidir dar a cara a tapas e acaba morrendo sem ter realizado seu objetivo.

O heroísmo parece ser fadado ao fracasso, ao quixotismo. Mas não ouso em julgar quem ainda acredita que alguma coisa tem que ser feita, e é bom que ainda existam. Porém me parece que apenas é mais um indo para a frustração, e pra “morte”. No discurso tudo parece muito bonita, mas e na vida real?

Então acomodar-se é a saída? Aceitar o que nos é imposto? Manter-se vivo, é o suficiente?
Sinceramente? Não sei.

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